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TINHO

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VERDADES QUE HABITAM EM COISAS QUE RESTAM
Curadoria: Saulo di Tarso
julho/2015

A viagem mais para fora 

é a viagem mais para dentro

Matsuo Bashô

Em 1994, convidados pelo argentino Alfredo Segatori, os grafiteiros Binho, Tinho, os Gêmeos, Speto e Vitché foram parar em Buenos Aires e de lá começariam a disciplina de buscar uma arte brasileira que os trouxe até a viagem do presente. Nesta estada na Argentina, Tinho tem contato com os títeres e começa a pintar bonecos de pano nos muros de Buenos Aires. Na época, radicalizando a marginalidade do graffiti ele não se satisfaz com a popularidade e a fácil aceitação dos títeres e opta por trabalhar com a estética de bonecos marginalizados na cultura brasileira: os vudus.

 

Nas séries atuais, Walter Nomura trabalha com os tecidos que ou são doados ou encontrados em regiões urbanas onde se acumulam, como restos industriais das confecções ou como roupas usadas e dispensadas em lugares do mundo. Como na Bielorússia, onde ele esteve recentemente, instalando quase uma tonelada de roupas usadas no Centro de Arte Contemporânea de Minsk.

 

Ainda no que diz respeito à dimensão do simbólico, em suas obras atuais, Tinho apresenta de maneira complexa uma fala dos afetos que migram nestas indumentárias pertencentes a alguém e que se tornam trajes e trapos anônimos de indivíduos de multidões e modos de vida diferentes dentro das culturas que ele percorre realizando a sua street art. E na multidão dos anônimos que ele representa há um contraditório lado curioso quando, pelo poder da linguagem da pintura, ele universaliza na figura dos bonecos, os indivíduos e afetos da cultura contemporânea que passam de anônimos a identificáveis, exaltando uma coletividade de indivíduos isolados e aproximados pelo estado de solidão no mundo de hoje.

 

Ou seja, a obra de Tinho pensada em termos simbólicos, materiais e conceituais aponta que a arte originária como a arte que ele atingiu é e torna a arte indivisível sob qualquer modulo histórico e pós-histórico, por que ele não está mais no horizonte da discussão entre o que é ou não arte dentro da geração do graffiti . A série dos “Bonecos de Pano” o coloca nas questões inerentes à arte e de uma forma que, surpreendentemente, por estar dando esse recado por meio da superação definitiva entre street art e pintura, nos aponta que a filosofia da morte da pintura acaba de morrer. A pintura de rua da qual ele é autor central na arte brasileira, acaba de reinventar a pintura moderna, superando as falências do Velho Mundo e dando um significado urgente a fazedores e pensadores de que a arte brasileira contemporânea não depende mais de submissões a novas tecnologias para existir na cena planetária. 


Saulo di Tarso

artista visual e curador

PARCERIA GALERIA MOVIMENTO E INSTITUTO DA CRIANÇA
 
A Galeria Movimento apresenta a exposição individual do artista Tinho que propõe uma interação com o público através da instalação com o Boneco de Pano. Na medida em que o público participa doando roupas, a instalação vai ganhando forma. No final da exposição as roupas serão entregues ao Instituto da Criança que fará a doação às instituições que assistem.

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